O tenista Orlando Luz, é o novo embaixador do projeto Lapidando Cidadãos. Orlandinho, como é conhecido no meio tenístico, foi o número um no Circuito Juvenil em 2015 aos 16 anos. Atualmente é o 116 colocado no ranking de duplas e 310 no ranking ATP mundial.
Campeão de duplas e vice de simples nos Jogos Olímpicos da Juventude, na China, campeão de duplas juvenil na grama sagrada de Wimbledon e semifinalista de simples e duplas juvenil no saibro de Roland Garros, o jovem tem a missão de levar para o mundo o trabalho realizado em Vacaria com o tênis.
Como você iniciou no tênis?
Comecei em Carazinho, naquele tempo não tinha um projeto social para me apoiar. Eu batia de porta em porta, pedi aos amigos, fiz rifa, muitos empresários me ajudaram a dar o primeiro passo no esporte. Tenho muita gratidão por todos.
A oportunidade que vocês tem no projeto é muito grande. O Lapidando vai, com certeza, proporcionar a realização de muitos sonhos, tanto jogando tênis profissional quanto em uma universidade no exterior. O importante é ter foco e buscar resultados, sempre apreciando o caminho.
Qual a maior dificuldade do juvenil para o tênis profissional?
Fui número 1 como Juvenil, mas passar para o tênis profissional é voltar à estaca zero. A transição trouxe muita mudança, afinal, existe uma pressão grande de ser bom muito rápido, a cultura do Brasil não é legal neste quesito. No Brasil todos acham que ser Top 50, Top 100 será do dia para noite, o que não é verdade.
A carreira juvenil me proporcionou muitas coisas como bater bola com o Nadal, Federer, Murray, Monfils e acredito que a falta de torneios regulares no Brasil e na América do Sul é um dos maiores problemas.
Morei dois anos na Europa, e lá, eu tinha torneio todas as semanas, convite para os torneios. Isso aumenta a confiança do jogador e o contato com tenistas de alto rendimento. Isto é excelente para a melhorar física, tática e mentalmente. No Brasil, eu tinha dois convites por ano e tinha que fazer um milagre. Entrava travado em quadra porque eu tinha obrigação de ganhar, afinal, se perdesse tinha praticamente o ano perdido.
O que eu observo é que os europeus jogam menos pressionados pelas oportunidades que têm.
Os jogos de tênis exigem cada vez mais que os atletas tenham um excelente preparo físico.
Qual é a sua visão sobre este aspecto para quem quer jogar tênis de alto rendimento?
O tênis é muito mais físico do que habilidade ou golpe. Quando eu melhorei na parte física o jogo ficou mais claro porque eu não cansava e conseguia pensar melhor, então obviamente, não é somente o físico, mas a alimentação, horas de sono, descanso entre os treinos, o que faz no tempo livre. A parte física é também ler livros, entender o porque está lendo. Aprendi isso com um cara incrível chamado Leonardo Azevedo que me obrigou a ler e isso me fez muito bem, consegui ser mais concentrado, a ter uma nova visão de mundo.
O que é o tênis para Orlando Luz?
É tudo! Minha vida! Tudo que construí vem deste esporte. Não nasci em berço de ouro e não teria condições de fazer tudo que faço, não teria condições de conhecer os países que eu conheço e nem de dar uma vida melhor aos meus pais que se sacrificaram muito para eu chegar onde cheguei.
Eu sempre dou o meu 100% quando estou em quadra porque eu não quero ficar na dúvida que poderia ser melhor. Chego sempre ao meu limite.
Já pensou em desistir?
Já pensei em desistir com 18 anos, quando descobri que eu estava com um problema no meu olho chamado ceratocone, uma doença degenerativa da córnea do olho humano, que perde seu formato arredondado e esférico e passa a assumir um padrão de cone. Dessa forma, a pessoa passa a ter uma visão de baixa qualidade, com perda de foco e distorção das imagens.
Mesmo com todas as dificuldades, como distorção das imagens, falta de foco e incômodo com luminosidade artificial, não desisti e tracei objetivos para continuar.
E o futuro?
Quero participar de torneios, ser o embaixador deste projeto pelo mundo afora. Mostrar que há caminhos para tornar o Brasil um grande celeiro de tenistas.
Acredito em projetos sociais. Tenho certeza que daqui teremos excelentes referências no tênis nacional.
Venho para somar, ajudar, ser exemplo e buscar cada vez mais a massificação deste esporte.